sexta-feira, 15 de outubro de 2010

barulhando

e tem uma ave que gorgeia vez em quando aqui perto de minha janela. No entanto, quando arrisco o olhar para fora, só vejo o galo esganiçado da rosa-dos-ventos da casa vizinha. às vezes acho que ele finge um canto que não é seu só para me deixar em dúvida, procurando esse gorgear tão diferente, que invade minha janela e bagunça minhas análises sintáticas. Tudo lá fora está sempre invadindo minha janela: os aviões roncando, voando perto dos tetos, os passarinhos incessantes, as vozes das casa ao lado, inquieta, barulhenta, cheia de bocas e mentes que não calam jamais... São meu caminho e desencontro por muitas vezes. Nem mesmo as árvores aqui da minha rua calam-se. Nos dias de vento, fingem chuva para me enganar, esvoaçam suas folhas inundando meu quintal, e, consequentemente, o carpete que será pisado pelos mesmos sapatos que pisaram lá fora; os galhos dos ipês agora se erguem ásperos para o céu vazio, ainda não é tempo de florir. E quando não venta, ainda assim falam bem baixo enquanto eu passo pela rua, ou mesmo enquanto estou sentada no chão, encostada na cama de uma forma que ninguém me vê pela janela, só o galo da rosa-dos-ventos (e as janelas da casa estranha que se ergue atrás da minha). Eu não sei o que elas dizem, mas sei que falam diretamente para mim. O problema é que as pedras do asfalto gasto fazem tanto cochicho quando passo que não entendo todo o resto, como são barulhentos esses pedregulhos enxeridos!



Acho que virei criança.

sábado, 9 de outubro de 2010

Thieves


We two are makers...