domingo, 31 de janeiro de 2010

bebendo a tempestade

Ouça um bom conselho, é inútil dormir que a dor não passa.

A flor que o livro secou, nas minhas mãos e eu beijo a pétala, que foi lilás, que vai amarelando dia a dia, junto com a memória de uns momentos cotidianos não marcados. A saudade que aperta no peito feito morte de bezerro, a lágrima que foge no cantinho do olho, quando já não pode mais se pendurar dentro da gente. Ah! Essa dói quando foge e escorre pela pele da gente, que logo começa a arder... Love burns.
Já me chamaram de falta, de saudade esse nó que se agarra na minha garganta e vai virando tudo por dentro, que enrosca no peito e segura a voz da gente, de um jeito que só dá pra falar sem querer: cantando, gritando, escrevendo, sem querer falar aquilo que a gente quer falar mesmo. Mas eu não sei dar nome não, moço. O que sei é o gosto daquela pétala, é bem o gosto da voz que me disse tudo aquilo que só eu ouvi, viu. É o gosto de quando a gente sabe que tem algo extraordinário acontecendo inconscientemente, e a gente esquece. Só lembra nessas horas, quando vem essa lágrima que corta feito aço de navaia, quando o coração fica afrito, bate uma a outra faia, só lembra de pouco, de leve, um tantinho de um sentimento que a gente tava lá, sentindo no auge, sem nem mesmo saber.
Coloco a flor de volta, dentro da agenda. Choro uma nota perdida dentro de mim, que fala de distância, de amor, de saudade... Meu amor, meu amigo, you're here, within me, without me, what ever fucking may happen.
I freakin' love you more and more.





Fuck, that hurts, and hurts so much.

insomnia

Uma imensidão: o papel na frente dos meus olhos e as mãos que tremem para escrever.
Não.
O laptop esparramado no colo e os dedos frenéticos apertando teclas em M, G, D, S, quais mesmo?
Ainda não. A tinta no pincel, correndo pelo papel, pela tela, pelo chão, escorrendo em uma cor, única, furtiva, marcando como fogo, corroendo o branco dos cantos que encontra com sua existência cheia de unicidade: a cor.
Também não: é a caneta, azul-popular riscando na pele morena-amarelada de tanto encarar parede atrás de parede, o desejo, a espera, a vontade além-mar, a vida que mal começou até agora, o medo, a fuga do medo de não encontrar nada, ninguém, de chegar no fim do caminho, o que me importa é a jornada, o fim é conseqüência que não quero assumir.